segunda-feira, 21 de junho de 2010

Agosto


Minissérie policial e investigativa exibida em 1993. Grande produção e reprodução da década de 50. Baseada no livro de Rubem Fonseca do mesmo nome.

O Comissário Matos, interpretado por José Mayer, investiga um crime ao mesmo tempo em que o Brasil passa pela crise do atentado a Carlos Lacerda na rua Toneleiros. Nesse atentado, o alvo, Carlos Lacerda, levou um tiro no pé, e seu amigo, Major Vaz, morreu. Esse assassinato foi encomendado pelo "Anjo Negro", Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas. Gregório quis matar Lacerda, pois este fazia uma forte campanha e falava até em golpe de estado para tirar Getúlio Vargas da presidência. Esses fatos representaram a gota d'água no segundo governo em crise de Getúlio. Quando todos pediam para que renunciassem, ele se matou. Ele saiu de bandido para herói. É impressionate as cenas verdadeiras do dia da morte de Getúlio...o povo sofreu muito. Tinha gente que até desmaiava na rua.

Essa minissérie (e o livro) é cheia de detalhes. O assassinato fictício que o comissário Matos está investigando aconteceu no dia 01 de agosto e ele soluciona o caso no dia do suicídio de Getúlio. O atentado a Lacerda foi no dia 05 de agosto e Getúlio morre no dia 24. As datas e horários dos fatos são citados a todo momento, como numa investigação policial. Os fatos se intercalam e o comissário Matos chega a suspeitar de Gregório Fortunato como o autor do assassinato que investiga, pois este foi cometido por um negro que usava um largo anel de ouro com a letra "F" gravada na parte de dentro.

Outra característica marcante da minissérie é o realismo ao tratar dos assassinatos, mostrar os corpos feridos (até em decomposição), a crueldade e frieza. Faz também uma denúncia a podridão da política, o jogo de influência, o lado bom e mal da polícia e os bicheiros. Detalhe para Mário Lago que interpreta um desses bicheiros. (Eles se parecem muito com a máfia italiana...).

O comissário Matos representa o lado sério e incorruptível da polícia. Leva tudo a sério e investiga quem quer que seja. Luta contra injustiças e não tem medo de repreender e prender bicheiro e homens poderosos. Essa seria a polícia que precisamos, mas que nunca teremos, pois policiais assim não sobrevivem a tanta lama. Não se pode ser reto nesse país...

Nenhum comentário:

Postar um comentário